Temos que fazer a nossa parte. Nem que a nossa parte seja apenas agradecer.

Bruno Morais
3 min readJan 24, 2021

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Há muitas maneiras de se relacionar, de elaborar. A vida é o tempo todo movida pelas escolhas de como nos posicionamos. E ao meu ver, da arquitetura da nossa capacidade de agradecer. Do quanto você está desperto de seus privilégios…

O que talvez a gente tenha de aprender é, a cada instante, afinar-se como um linhazinha, para caber de passar no furo da agulha, que cada momento exige. E assim, a gente vai harmonizando os dias como pode…

Muitas vezes enxergo melhor de olhos fechados, e agradeço melhor assim também. Escrevi isso e já fechei os olhos. Visito as ilhas dentro de mim que suscitam maiores atenções e vou me catalogando, me explorando.

Muito de nós nos olhamos com os olhos dos outros. Um velho ditado africano avisa: não necessitamos de espelho para olhar o que trazemos no pulso. Mia Couto, em ‘Pensatempos’.

Essa semana conheci pessoas. Toda vez que estou conhecendo alguém novo me perpassa o questionamento: será que essa pessoa consegue acompanhar meu fluxo de raciocínio lógico-verbal-simbólico-filosófico ou vou ter que me polir talvez ao máximo para não ser taxado de doido? Hehe. Talvez isso não seja de todo ruim, mas evita gastura e fadiga.

Falo com tranquilidade, já entendi essa minha característica, mas percebi esse lembrete mental para potenciais novas amizades.

A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro. Platão.

Incrível como uma pessoa pode se tornar linda ou horrorosa (momentos) quando você passa a conhecê-la melhor. A beleza realmente está na personalidade! A beleza é óbvia, o charme não.

Apois comunhão se trata de quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. Lindo demais quando acontece. Entrar em comunhão na vida adulta: preciso! Impressões que comungam em comunhão: amor.

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Venho tendo a impressão que parte importante de ‘se encontrar’ na vida adulta é retornar pra coisas, hábitos e pessoas (de alguma forma) que você amava na infância. Reencontrar aquela sensibilidade descompromissada e autêntica de quem explora e divide, troca…

Assim percebo que as coisas podem ser mais sobre inventar quem você quer ser do que descobrir quem você é. Só não consigo inventar de não ser muito tímido a maioria das vezes, questões.

Pra pessoas tímidas:
Você é realmente tímido ou você foi privado de ser quem você é e aprendeu a se retrair?

No meu caso, lá e cá. Essa pergunta me fez pensar. Como o retrair-se flerta com a timidez, danados! E ainda fazem um triângulo com as idealizações… eu hein.

Do empírico: aprendi que quem faz qualquer coisa sempre está valiosas casas a frente de quem idealiza algo perfeito e nunca faz.

Não podemos exigir que os outros sejam como queremos, pois nem nós somos. Lao Tsé.

[…]

Estamos em guerra no mundo. Uma guerra psicológica. Será que houve dias em que não estivemos?

De repente me sinto muito perdido na vida, muito! Mas sempre há a certeza de filmes, livros e música. E pasmem, talvez sejam pessoas que fizeram isto. Caminha!

Haja vista o se alienar para não adoecer o espírito. Haja vista desarmar-nos! Haja vista clareza de desejo, hajam vista belezas atemporais.

Agora eu conheço o grande susto de estar viva, tendo como único amparo exatamente o desamparo de estar viva. Clarice.

Sigo. Ótima semana!

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Bruno Morais

imagination decides everything. metáfora, metalinguagem, metamor e metanóia. escrevo com pretensões de organização emocional e aceitações em geral.