Eu quero a riqueza de não desejar mais do que eu preciso.

Vomitando processos.

Bruno Morais
5 min readMar 13, 2021

E do que eu preciso, afinal? O escravo sente-se obrigado a querer o que todo mundo quer. Talvez eu queira uma boa parte do que todo mundo quer, talvez não, pouco sei de todo mundo. Talvez eu esteja desconstruindo modas padronizadas nos desfiles de mim, talvez esteja menos submisso, talvez.

Moda é aquilo que será esquecido quando não movimentar mais a multidão. No caso, minhas multidões. Talvez eu esteja criando uma nova moda pra mim, uma que não se dissocia do outro mas quem desfila sou eu e sem muita plateia (e revezando).

Fato é, a vida não espera que você esteja em condições para acontecer.

Para além de ideias de certo e errado, existe um campo. Eu me encontrarei com você lá. Rumi.

Tenho descoberto que podemos nos aprofundar em nós mesmos de uma forma amorosa e acolhedora. Não precisamos ir sempre pro fundo do poço emocional pra entender o que é importante pra nós e o que devemos fazer sobre isso. Uma virtude consciente, se possível, eu diria.

Um coração bom tem toneladas de consciência. Tenho notado que essa consciência precisa ser coada para que a bondade seja dosada a tato. E cada um que encontre seu coador, a verdade é essa. O caminho do esclarecimento existencial é sempre solitário, me parece.

O meu tem sido a análise. A mais lúdica fase da análise é quando você já cavucou tanta coisa absorvida que não fica mais se polindo e desviando dos lados sombrios porque já não sente mais vergonha e medo de notar que não é perfeito, porque não tem que ser mesmo.

A gente envelhece pra descobrir que não tem controle sobre nada. E é libertadora/aterrorizante essa conclusão. A leveza de perder o medo de perder. Eu que sempre quis controlar as coisas, considero uma evolução ‘desistir’ disso (diariamente, com muito cansaço e nem sempre consigo).

Eu tenho pensado muito em como aprendemos na vida que só existem duas formas de viver, triste ou feliz. Tem muita coisa entre um e outro que é tão subjetivo quanto a experiência pessoal de cada um. Por isso a gente precisa resistir à ideia de uma vida em êxtase o tempo todo.

O que nos deixa ansiosos é que nós aprendemos a acreditar sem questionar o porque existe um padrão de felicidade sendo vendido por aí. Não é à toa, nunca é à toa. E assim a gente faz a roda viva do consumo girar a todo vapor.

Nunca é, existem planos sendo feitos, profissionais especialistas em trabalhar com nossas emoções. Tudo isso, pra no fim das contas a gente se sentir culpado, por não estar ‘tão’ feliz.

Quando consumimos nas redes sociais as ‘vidas perfeitas’, elas te fazem sentir que você é incompetente pra ser feliz ou equilibrado, que você precisa de determinadas coisas pra começar a tentar ou pra ir atrás do que você acredita. Isso é mais uma falácia, mais uma ditadura dos padrões. Eu sofro disso. Muito por trabalhar atualmente com as mídias sociais. Estou trabalhando isso para não reprimir.

Penso que uma vida bem vivida não seja necessariamente uma vida feliz. Podemos acolher todos os elementos e momentos de dramaticidade da vida ligados a nós mesmos, sem que haja uma ruptura com esse ‘bom viver’. É libertador ter ciência disso.

Nesse mundo, felicidade se dá em meio de dores e lágrimas. O feliz não é o gargalhante, mas aquele que aprendeu a viver contente em qualquer circunstância. Não é uma questão de euforia, mas de significado. O fruto da felicidade não é riso constante, mas paz e coragem de ser.

Li em algum lugar que há uma regra de decoração que merece ser obedecida: para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz. Isso é coragem de ser! Decore-se. Plante. Plantar um jardim é acreditar no amanhã! PLANTE.

Dado meu relato positivado nessa fase da quarentena. Venho desaguar também. +/-

O amor é o que vem em suplência à ausência da relação sexual. Lacan.

Uma das coisas mais bonitas da vida é encontrar alguém que possa te entender sem ter que dar tantas explicações. Riqueza! Respeito! Atenção! Vide: te darem o tempo que sobra não é o mesmo que atenção.

O inferno é conviver com alguém que não consegue ouvir nada. Você dá toques que considera relevante e a pessoa sempre na defensiva, não sabe ouvir. Afinal, não há evidência suficientemente forte para convencer quem não quer ser convencido. Haja sessões.

Uma máxima: procurar profundidade em pessoas ‘rasas e vazias’, eis uma receita de fracasso e frustração.

Lidar com o cansaço cognitivo desses dias tem sido árduo. Refutar os próprios auto boicotes diários tem sido um exercício de atenção plena cansativo como nunca. Ponderar o estímulo ou a falta dele tem sido desgastante. O que me mantém é uma esperança manca e anêmica que sussurra no meu ouvido em milissegundos quando estou inerte, ela brada: creia.

Essa sensação de beco sem saída é horrível. Essa sensação sufocante que a vida está passando e nós estamos assistindo inertes. Um horror sem muitas previsões certeiras de um final.

O cansaço cognitivo me toma várias vezes e eu não tenho a menor força de argumentar absolutamente nada sobre o que está acontecendo no nosso país com pessoas alienadas em demasia, especialmente fanáticos de todas as ordens.

Às vezes eu discordo em silêncio, sem alarde, porque sei que o outro não tem o menor interesse em chegar ao entendimento, pois prefere o conflito. O caminho do esclarecimento existencial é sempre solitário, me parece. (2)

Não é o diálogo que é a base de tudo. Não somente. É a compreensão.

Traições, machucados, frustrações levam quase sempre à amargura, e poucas coisas falsificam tanto a realidade quanto a amargura. Nosso país é um retrato disso. Você ajudar o outro a entender a sua amargura muitas vezes te azeda. Te deixa com a energia, a vibração lá embaixo. Haja sessões. (2)

Não tem resiliência, pensamento positivo e otimismo que dê conta dessa merda toda que acontece no Brasil. Se você tem alguma fé, faça uma prece pelos profissionais de saúde hoje. Minha esperança manca se baseia nesse conceito: tem passo pra trás que faz a gente avançar.

Lembrete: a grandeza não está em ser forte, mas no uso correto da força. Você é quem você é ao final do dia. Fé, Bruno.

Nenhum de nós realmente muda com o tempo. Nós só nos tornamos mais o que somos. Anne Rice, 1941.

Onde seu medo estiver, está aí a sua tarefa. Jung.

Sigo! #Lula2022

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Bruno Morais

imagination decides everything. metáfora, metalinguagem, metamor e metanóia. escrevo com pretensões de organização emocional e aceitações em geral.